sábado, 18 de julho de 2015




 O senhor conhece a história do discípulo que foi visitar o Mestre para perguntar-lhe o que era o Atman? O Mestre respondeu:
"— É tudo.
  • —  Nesse caso é o elefante do Marajá?
  • —  Sim, disse o Mestre. Atman é você e também é o elefante
    do Marajá."
    O discípulo partiu muito contente. Em seu caminho, encontrou o

    elefante do Marajá. Não se afastou do caminho, pensando: "Se sou o Atman e o elefante também é, ele me reconhecerá," Mesmo quando o condutor do elefante gritou para que ele se afastasse, não lhe deu ouvido, de sorte que o elefante golpeou-o com a tromba jogando-o a vários metros de distância. Todo machucado foi procurar no dia seguinte o Mestre e lhe disse :
    "— Você disse que o elefante e eu éramos Atman, e veja que ele me fez.
    O Mestre, sem perder a calma, indagou:
    "— E o que lhe disse o condutor do elefante?

  • —  Que me afastasse do caminho.
  • —  Você deveria ter seguido seu conselho, disse o Mestre,
    porque o guia do elefante também é o Atman. . ." 

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Dharma




                                                                                (Foto by Marcelo Maper)

"Bhagavad Gita (cap III, v.35), (...) diz que 'Mais vale cumprir o próprio dharma, ainda que de forma imperfeita, do que cumprir de maneira perfeita o dever de outrem'."

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Passo - Rene Aubry




Não acontecem milagres em contradição a natureza, mas apenas em contradição aquilo
que conhecemos da natureza. Santo agostinho

domingo, 20 de julho de 2014

Sita Sings the Blues - Ramayana



"Sita Sings the Blues" is based on the Hindu epic "The Ramayana". Sita is a goddess separated from her beloved Lord and husband Rama. Nina Paley is an animator whose husband moves to India, then dumps her by email. Three hilarious shadow puppets narrate both ancient tragedy and modern comedy in this beautifully animated interpretation of the Ramayana. Set to the 1920's jazz vocals of torch singer Annette Hanshaw, Sita Sings the Blues earns its tagline as "the Greatest Break-Up Story Ever Told." It is written, directed, produced and animated by American artist Nina Paley.

domingo, 8 de junho de 2014

A insustentável leveza do não Ser (Mr Nobody).



Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está a nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes. Então, o que escolher? O peso ou a leveza?”

“Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo ‘esboço’ não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro.”

  

Milan Kundera - A insustentável leveza do ser.






A questão das escolhas na vida sempre me fascinou. Desde a adolescência , época em que  li A insustentável leveza ser . A questão toma maior consistência na medida que envelheço e sinto que toda a vida é uma questão de se relacionar com tempo. Parece que na casa dos 30 as escolhas trazem um peso quase insustentável na medida que nos deparamos com nossa finitude. A angústia parece não ser da morte em si, mas fato da sensação de impossibilidades de recolher infinitamente em um tempo limitado em que toda escolha é uma aposta e não uma promessa de felicidade e satisfação. 

 Esses dias assisti Mr Nobody. É um filme que fala sobre escolhas. São as escolhas que moldam a vida, que a fazem avançar, menos para Nemo Nobody, ao que parece.Jared Leto é o protagonista de Sr. Ninguém, filme de Jaco Van Dormael, de 2009.Tudo acontece num futuro não muito distante, onde Nemo é o homem mais velho do mundo e é o último mortal a conviver com as pessoas imortais. Ao longo de cerca de duas horas e meia de filme,Nemo irá relembrar os seus anos reais e imaginários, de infância, adolescência e casamento.A grande sacada do filme é que ele se passa inteiro na imaginação de uma criança. Nemo se vê em uma situação onde tem que fazer uma escolha impossível, dolorosa e angustiante. Ele tem que escolher se vai querer ficar com o pai ou com a mãe depois que os dois se separam. Ele então começa a viajar em sua imaginação tentando criar e recriar todas as possibilidades futuras que essa decisão poderia causar. Ele se imagina com várias esposas/namoradas, vários empregos, enfim várias vidas diferentes. As coincidências sucedem-se em todas as possibilidades de vida a que assistimos, e as escolhas parecem ter sido sempre impossíveis para este homem de 118 anos. Para quê e por quê escolher?Nemo Nobody faz-nos crer que podemos ter tudo, sem precisar de optar. Contudo, e no meio de muita estranheza, a lógica nunca se perde.


No inicio do filme veio a sensação  do peso de cada escolha e a responsabilidade sobre as conseqüências, mas que ao longo dele surgiu um outro aspecto mais evidente sobre o tema: a sensação que as escolha não importam tanto assim, pois ha algo que é anterior: independente das nossas escolhas,o desfecho nunca é do jeito que desejamos. A vida nos  traz surpresas e nós, apesar das escolhas, nos vemos diante da única possibilidade para seguir adiante em paz  : a aceitação da vida como ela é." Na vida só temos um take, se estiver mau temos de o aceitar" diz alguém a Nemo Nobody a certo momento. A aceitação implica diretamente na percepção da incapacidade de se controlar a vida. Além disso, não existe escolha certa ou errada, não existem escolhas perfeitas, o que de fato existe é a vida imprevisível  com seus fatos, sonhos, sintomas, fantasias e delírios, que muitas vezes nos revela misturadas dificultando separar ate o que é real ou não. E no final, para que se preocupar tanto com escolhas se tudo nos leva ao mesmo caminho: a morte?. Essa questão me  dá inicialmente a impressão da insignificância de nossas escolhas diante da única coisa real, a certeza da morte. Mas falar sobre morte  nos convida a pensar na vida, no peso da existência.  Assim, eis paradoxo de Milan Kundera: o peso ou a leveza? o peso das escolhas e suas conseqüências eternas ou leveza diante da noção de nossa pequenez e fragilidade? Qual o caminho da felicidade? Sinto que não existe a equação da felicidade como alguma escolha a se tomar , mas mais algo como se posicionar diante da existência (ou da não existência) .A busca por uma escolha que trará a felicidade é justo o que nos torna infelizes. Percebermos que somos esse paradoxo, e o desafio consiste em aceitarmos ele como manifestação da vida como ela é. Quanto mais alta é e galhos tem a árvore, mais profunda são as raízes. Quanto maior a luz, maior a sombra. A afirmação da vida está na sutileza de reconhecer-se como parte dessa natureza, onde nada existe mas tudo é. Este sim, é perfeito.


terça-feira, 27 de maio de 2014





Aguardo, equânime, o que não conheço —
Meu futuro e o de tudo.
No fim tudo será silêncio, salvo
Onde o mar banhar nada.

Ricardo Reis, in "Odes"

Heterónimo de Fernando Pessoa

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Para Orpheu - Sentir é criar.





Para Orpheu
Sentir é criar.
Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o Universo não tem ideias.
— Mas o que é sentir?
Ter opiniões é não sentir.
Todas as nossas opiniões são dos outros.
Pensar é querer transmitir aos outros aquilo que se julga que se sente.
Só o que se pensa é que se pode comunicar aos outros. O que se sente não se pode comunicar. Só se pode comunicar o valor do que se sente. Só se pode fazer sentir o que se sente. Não que o leitor sinta a pena comum [?]. Basta que sinta da mesma maneira.
O sentimento abre as portas da prisão com que o pensamento fecha a alma.
A lucidez só deve chegar ao limiar da alma. Nas próprias antecâmaras do sentimento é proibido ser explícito.
Sentir é compreender. Pensar é errar. Compreender o que outra pessoa pensa é discordar dela. Compreender o que outra pessoa sente é ser ela. Ser outra pessoa é de uma grande utilidade metafísica. Deus é toda a gente.
Ver, ouvir, cheirar, gostar, palpar — são os únicos mandamentos da lei de Deus. Os sentidos são divinos porque são a nossa relação com o Universo, e a nossa relação com o Universo Deus.
[.. .]
Agir é descrer. Pensar é errar. Só sentir é crença e verdade. Nada existe fora das nossas sensações. Por isso agir é trair o nosso pensamento.
[...]
Não há critério da verdade senão não concordar consigo próprio. O universo não concorda consigo próprio, porque passa. A vida não concorda consigo própria, porque morre. O paradoxo é a fórmula típica da Natureza. Por isso toda a verdade tem uma forma [?] paradoxal.
[...] Afirmar é enganar-se na porta.
Pensar é limitar. Raciocinar é excluir. Há muito que é bom pensar, porque há muito que é bom limitar e excluir.
[...]
Substitui-te sempre a ti próprio. Tu não és bastante para ti. Sê sempre imprevenido [?] por ti próprio. Acontece-te perante ti próprio. Que as tuas sensações sejam meros acasos, aventuras que te acontecem. Deves ser um universo sem leis para poderes ser superior.
São estes os princípios essenciais do sensacionismo. [ . . . ]
Faz de tua alma uma metafísica, uma ética e uma estética. Substitui-te a Deus indecorosamente. É a única atitude realmente religiosa. (Deus está em toda a parte excepto em si próprio).
Faz do teu ser uma religião ateísta; das tuas sensações um rito e um culto. [...]

FERNANDO PESSOA

sábado, 5 de outubro de 2013



Viver é como andar de bicicleta: É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio.

Albert Einstein

Chopin, Fantasie-Impromptu, opus 66 (+playlist)

Akasha



Na visão da Teosofia, o Registro Akáshico é o registro individual de uma Alma desde o momento que deixa seu ponto de origem até que a ele regresse: “No momento em que tomamos a decisão de experenciar a vida, é formado um campo de energia com a finalidade de gravar todos os pensamentos, palavras, emoções e ações geradas por cada uma das experiências vividas. Esse campo de energia é denominado Registro Akáshico. Akáshico porque está composto pelo Akasha, que é a substância energética da qual toda a vida está formada. AKASHA é uma palavra de origem sânscrita, que se utiliza para denominar um plano da consciência cósmica que atua como arquivo. Registros, pois tem como objetivo gravar todas as experiências vividas. Assim, na psicologia, designa o espaço sutil onde estão armazenados todos os conhecimentos e feitos humanos, desde os primórdios. É a memória da humanidade. Corresponde ao inconsciente coletivo de Carl Gustav Jung.

No Hinduismo, Akasha significa a base e essência de todas as coisas no mundo material; o primeiro elemento material criado a apartir do mundo astral (Ar, fogo, Água, Terra são os outros quatro, na sequência). É um dos Panchamahabhuta, ou “cinco elementos”; sendo Shabda (som) a sua principal referência. Em sânscrito a palavra significa “espaço”, o próprio primeiro elemento da Criação. Em Hindi, Marathi e Gujarati, e muitas outras línguas indianas, o significado de akasha foi aceito como “céu”. As escolas Nyaya e Vaisheshika de filosofia hindu afirmam que akasha ou “éter” é a primeira substância do plano físico, que é o substrato da qualidade do som. É substância Única, Eterna e Que Tudo Permeia, e que é imperceptível. De acordo com a escola Samkyia de filosofia hindu, Akasha é uma das cinco Mahabhutas (grandes elementos físicos) tendo a propriedade específica do som.

Segundo a crença de algumas religiões pagãs, como a Wicca, todo o universo foi criado a partir dos Cinco Elementos da Natureza: Ar, Fogo, Água, Terra e Akasha (espírito). Todo os demais elementos foram originados do Akasha (o princípio original). Correlacionando os Akasha com o pentagrama, ele seria a 5º ponta do pentagrama (a ponta apontada para cima), aquela que representa o espírito divino, a chamada quintessência e representada pelo ovo (símbolo da origem) negro (símbolo do mistério). Por isso ele é considerado o mais elevado dos cinco elementos, o mais poderoso e inimaginável; é a base de todas as coisas da criação. Assim, o Akasha é isento de espaço e de tempo. O não-criado: incompreensível e indefinível. Segundo Franz Bardon, é o que as religiões chamam de DEUS. Ele é o que contém tudo o que foi criado e é ele que mantém TUDO em equilíbrio. É o espaço (onde se originam todos os pensamentos e idéias) e matéria (na qual se mantém tudo o que foi criado).